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Observação:

Em primeiro lugar, eu não sou escritora. Tudo o que eu sabia sobre escrever foi esquecido devido à falta de prática. Em segundo lugar, não espero receber comentários. Poucas vezes me importo com a opinião alheia. Em terceiro lugar, o que eu escrevo não interessa a ninguém. A minha única regra é seguir a minha vontade.

Minha mãe e eu somos um caso sério. Eu não concordo com boa parte do que ela fala, mas aceito. Ela não concorda com boa parte do que eu falo, e não aceita. E acho que é assim mesmo que deve ser, porque antes de tudo ela é minha mãe.

Pensei em postar um conto que fiz em vez de qualquer coisa sobre o dia. Sabe, odeio esse tipo de "blogagem coletiva". Aquela coisa que ninguém combinou, mas todos sabem que é pra postar sobre aquele assunto, naquele dia.

Hoje tive raiva da minha mãe, porém foi passageiro assim como o resto dos sentimentos e agora resolvi fazer a minha obrigação do dia, minha homenagem. Homenagem essa que minha mãe não verá, porque ela nem imagina que eu possa ter um blog. Alháis, quase ninguém que eu conheço fisicamente sabe, e eu prefiro assim.

Então já que ela nem vai saber mesmo, posso falar algumas coisas que eu não gostaria que ela lesse.

Como, por exemplo, a data nas diferentes idades da minha vida:

1 ano aos 5 anos:
Bom, nessa época eu não sabia nem que eu existia, então é compreensivo que eu talvez tenha me esquecido de dar parabéns a ela.
Meu presente nessa idade foi só parecer fofa quando ela aparentemente me olhasse e me apertasse.

6 anos aos 8 anos:
Ahhhh, aí a coisa muda. Já tinha entrado pra escolinha e talz. Aprendido a escrever meu nome e ler palavras simples. Tinha aprendido também à copiar e era o que eu melhor fazia.
E meus presentes foram isso mesmo. Onde eu lia "Mãe", eu ia lá e copiava tudo, ocasionando mais tarde alguns erros, como por exemplo ter chamado ela de bóia-fria e empregada.

7 anos aos 9 anos:
Foi a idade do meu ingresso de cabeça na literatura, o que me rendia muita imaginação. E quando eu digo muita, é muita mesmo!
Tipo, fantasiar que eu tinha olhos azuis e cabelos loiros quando nasci, que meu pai tinha se apaixonado por minha mãe e vise-versa da primeira vez que se virão, que todos esperavam que eu nascesse. E o pior, escrevia tudo isso em cartas que ela guarda até hoje e eu sinto um impulso enorme em rasgá-las mas não consigo não só porque ela não deixa, mas porque minhas mãos se travam.

10 anos aos 13 anos:
Um parabéns, um aperto de mão e um abraço não bastavam. Essa foi a época dos presentes que eu gostaria de ganhar. Tipo, perfumes, roupas, doces, etc.
Acordava ela com o café da manhã na cama e um presente escondido atrás de mim (quanta criatividade quanto ao lugar onde esconder o presente). E isso deixou ela muito mal acostumada, como vocês podem ver na seguinte idade.

14 anos aos 16 anos:
Usuária compulsiva de Internet em boas mãos, eu aprendi que todas as datas comemorativas eram só um pretexto para se gastar dinheiro e ter um dia de folga do "trabalho".
Dava só parabéns e não me sentia culpada por isso. Para compensar, eu dei o que eu acho ser o melhor presente do mundo, a presença. Ficava com ela o dia inteiro. Almoçava com ela, dormia com ela, assistia TV com ela. Enchia o saco dela o dia inteiro, até que ela se cansasse e me mandasse ir ler alguma coisa, o que nunca aconteceu.
Como eu tenho 16, a história acaba por aí mesmo.

Como o dito no começo do post, eu não me dou bem com boa parte da cabeça da minha mãe. Ela aceita as idéia machistas com um respeito que nem o papa tem, o que significa que mesmo que eu tenha caído do 19º andar, eu tenho que fazer o meu "papel de mulher", se não ninguém vai querer casar comigo.

Ela até que tem mudado muito de uns tempos pra cá, mas ainda assim brigamos um pouco por causa disso.

Sabe, se for pra achar alguém que só case comigo se eu fazer o meu devido "papel", eu prefiro nem achar. Além do mais, que casamento é um grande erro - assunto pra outro post.

Mas a minha mãe, é a minha mãe e é porque ela quis mesmo. Porque se ela não quisesse, poderia ter me deixado na beira da estrada. Minha mãe é aquela que me teve e me criou e é ela quem vai acabar com tudo o que há dentro e fora de mim se alguma coisa acontecer. É ela quem vai me deixar sem rumos, sem chão, se alguma coisa acontecer. Não consigo imaginar a minha vida sem ela, se alguma coisa acontecer.

Meu pobre orgulho adolescente não me deixa falar e eu sei que vou me arrepender muito disso mais tarde, mas é ela quem eu amo muito mesmo! Muito, muito, muito. A mulher da minha vida. Mesmo se eu fosse tentar falar o quanto ela é importante pra mim, não conseguiria. Agora, que estou escrevendo sozinha, com tempo para pensar no que falar, não consigo.

Quando as pessoas falam "Eu não colocaria a mão no fogo por Fulano!", acho que nunca pararam para imaginar o que significa. É bem simples, pouco complexo, porém é uma frase tão automática que eu mesmo só comecei a pensar nisso uns 5 anos atrás. Imagine que o Fulano se compactize e caiba numa churrasqueira que tá lá, pegando fogo. Você pode tirar ele de lá, mas só com a sua mão. ISSO é colocar a mão no fogo pelos outros. Você se queimaria para salvar alguém? Eu me queimaria.

É exatamente porque eu amo tanto minha mãe, que eu a ignoro. Ela briga comigo coisas desnecessária, nas quais ela não tem muitos argumentos porque não tem certeza. Eu digo "É, tens razão!" e o assunto morre ali. Ela está ficando velha e uma hora não estará comigo. Não quero me lembrar de brigas por causa de toalhas secando na maçaneta da porta do meu quarto.

O que eu quero é me lembrar de beijos e abraços. De sentir o cheiro dela. De dizer o quanto eu a amo. Amo mesmo! De andar de mãos dadas na rua. De formar um manto em cima dela, defendendo do mundo. De agradecer por poder ouvir sua respiração...

Obrigada, mãe!