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Observação:

Em primeiro lugar, eu não sou escritora. Tudo o que eu sabia sobre escrever foi esquecido devido à falta de prática. Em segundo lugar, não espero receber comentários. Poucas vezes me importo com a opinião alheia. Em terceiro lugar, o que eu escrevo não interessa a ninguém. A minha única regra é seguir a minha vontade.





O ponto do ônibus estava vazio, exceto por uma garota que me encarava incansavelmente. Embora ela parecesse ter a certeza de que me conhecia, eu não me lembrava de onde a conhecia. Talvez seja até por isso que ela me olhava daquele jeito. Talvez estivesse pensando: "Menina metida! Me conhece e fica fingindo que não.". Tentei ver na capa do que parecia ser um livro de escola algum número que me ajudasse a lembrar daquela garota tão comum. 7ª série. Esse povo da 7ª série tem uma mania de ficar me olhando esquisito. Não que outras pessoas não olhem - digamos que eu não tenha uma aparência tão comum quanto à garota do ponto de ônibus -, mas tinha muita gente da 7ª série com quem eu nunca falei que ficava me olhando como que cobrando um cumprimento. Ela me olhou mais um pouco, depois desviou os olhos para o meu lado. Automaticamente eu também olhei. Ele ria. Tão meigo que eu poderia me derreter só de ficar olhando. Com a boca ele enchia de ar o saquinho do iogurte que acabara de beber, colocava-o próximo à sua orelha direita e o esvaziava, fazendo um barulho engraçado e uma sensação boa, um assopro. No braço pálido dele dava para se ver todos os pelos se arrepiando um por um. Parecia um idiota ou uma pessoa com problemas mentais fazendo aquilo, mas eu achava extremamente fofo. Enquanto sentia o calafrio, ele usava as mãos para esconder o que o cabelo quase comprido não escondia. E aquilo era meigo! Com o rosto tampado, só consegui ver este depois dele se acalmar. Seus olhos cor de terra olharam para os meus e seu sorriso se fechou para abrir um convite:
_Faça você também!
"Faça você também!". Olhei para o saquinho onde costumava ficar o iogurte e depois voltei meus olhos para ele com uma cara de preguiça ou dúvida, como eu acredito que ele viu. Com as mãos fazendo gestos como se existisse nelas o que existia na minha, ele me explicou tudo passo-a-passo, ironizando uma coisa bastante complexa. Eu também fingi não entender, para tornar a brincadeira mais interessante. Em poucos segundos eu também parecia ter problemas mentais. Acabei até me esquecendo da menina do ponto de ônibus. Só fui me lembrar dela quando cheguei em casa. Ficamos brincando por alguns minutos. Foi divertido experimentar o saquinho de côco dele do lado direito e o meu se morango do lado esquerdo. Depois tentamos até fazer o entretenimento nas narinas, porém este não foi tão agradável. O céu já estava escuro quando percebemos que era tarde demais. Ele me perguntou as horas. Tirei meu celular do bolso e em primeiro lugar olhei a foto que ele mesmo tirou e ordenou que eu nunca a tirasse dali pouco antes da menina do ônibus chegar. 8 horas e 3 minutos. Ele tinha que ir embora. Compromissos que ele nunca teve estavam ali, só no final do ano. Eu, talvez tivesse que ir embora. Havia prometido para a minha mãe antes de sair de casa que não iria demorar, embora acredite que no dia ela não se importaria com a minha ausência. Mais uma vez, talvez pela última, ele me olhou e mostrou o mais lindo sorriso que só ele sabe fazer, ou ao menos sabia. E disse:
_Tchau, Bia!
Esperei que ele se curvasse, morrendo de rir da minha cara de decepção, mas não aconteceu. Sua expressão continuava a mesma. Meio que querendo ser séria, porém escondendo um riso que não existia.
_Tchau.
Sorri por educação, depois olhei seus cabelos que se balançavam conforme a dança do vento. Vire-me com a intenção de sair andando, e ele me chamou. Ao retornar, encontro ele de braços abertos, literalmente falando.
_Ówn!
Eu disse. Ele era tão lindo! Como aqueles meninos de filmes adolescentes americanos. Um cabelo legal, uma roupa legal e uma personalidade muito legal. E como todo bom filme adolescente americano, também tinha um papel pra mim: a amiga tosca e apaixonada. Sim, eu era loucamente apaixonada por ele! Mas não aquela coisa de "Me jogue na parede e me chame de lagartixa! Vamos ser felizes tomando tequila em Malibu!". Era uma paixão acima de qualquer explicação. Além de amizade, mas não para casar ou algo do tipo. E isso era o que sempre estava em questionamento por pessoas ao nosso redor. Ninguém nunca conseguiu entender a intensidade da minha amizade. E toda vez que eu o via, meu coração batia em um rítmo um pouco mais rápido do que o normal. Eu sentia isso, sentia. E como sentia!
Os braços abertos ainda estavam lá, então andei depressa até eles, pra não falar correndo. Um abraço. Se eu contar, algumas pessoas podem não acreditar, mas aquele foi o nosso primeiro abraço. Sempre nos cumprimentávamos de longe, 1 metro de distância no mínimo com um: "E aê?" ou um "Opa!". O primeiro e também o último, por isso pareceu alguns segundos mais longo do que outros. Depois nossos braços se desentrelaçaram e ainda ficamos nos olhando em menos de 1 metro. Depois me virei e caminhei normalmente, como se nada tivesse acontecido. Eu não sabia, porém meu subconciente, sim: sentir aquilo foi um erro dos mais errados. E cada passo rápido que eu dava me doia como se fosse uma faca cravada em meu coração. Embora eu quisesse muito olhar pra trás, olhar se ele continuava lá, eu não conseguia. Minha cabeça se tornou a mais certa dentro do meu corpo durante meio ano. Finalmente, ela raciocinara que não existe essa amizade que o meu coração dizia existir. Foram muitas facadas até eu chegar em casa e quando cheguei, acreditei existir um buraco no peito. E se vocês querem mesmo saber, nunca mais tornarei a cometer esse mesmo erro. E como eu tenho certeza desse erro? Ele cortou o cabelo e mudou de cidade. Até aí normal. Mas depois de conseguir o que ele queria de mim, o buraco se espandiu e eu passei a não existir. Uma única vez ele me chamou pra sair como chavama antes. Saímos cedo e ficamos andando até o dia quase acabar. Visitamos amigos que moravam longe e nem sabíamos se ele estava em casa. Depois disso sim, vem o meu super poder paranormal para normal não tão normal: a invisibilidade. Só cumprimentava por obrigação/educação quando nos encontrávamos por um acaso do destino na rua. Não dirigia a palavra diretamente para mim. Falava para os outros e esperava que eles me falassem em uma memória de uma conversa descontraída. De vez em quando cobrava a minha presença em eventos que ele estaria, mas se eu estivesse ou não, não faria diferença. Sabe, quando você conhece alguém e gosta? Fica uma imagem dela na sua cabeça, não fica? Na minha ficava. Alguém fez o favor de quebrá-la com um martelo qualquer. Aquela amizade de criança onde aparentemente não havia sentimentalismo mas a farra era sempre muito boa, foi quebrada como um espelho jogado no chão. Hoje, ele diz:
_Oi!
Eu digo:
_Oi!
Ele me conta alguma piada, eu digo:
_Ahaha!
Prefiro tratá-lo como alguém que um dia foi muito amigo, mas atualmente é apenas "amigo".

9 opiniões:

  1. Essas coisas são de pele!!!
    Bateu gostou! Não precisa de mais não...
    Achei o miolo do texto engraçado.
    \o/
    Saudades de vc !!!
    URRU!!!!!!!!!!
    ¬¬²
    Não gosto muito dessa música. Ela me lembra um pessoa [x__x]

  1. Quer dizer que o espelho quebrou, Bonequinha? Liga não, espelhos melhores aparecem no decorrer do tempo ... mas sempre dá uma tristeza quando as amizades antigas parecem virar pó, não é?

    se cuida

    bjknhas

  1. foi assustador como vc me lembrou a mim mesma e alguns momentos que eu vivi...
    ou vivo, sei lá!

  1. eu também sou aquela amiga boba apaixonada, e ele finge que não sabe, mas eu já superei isso!
    Não, não superei, mas vou!

  1. Te achei por aí.
    Como não consegues odiar alguém?
    Veja só; é bem fácil: Eu te odeio.
    Nem te conheço e já te odeio.
    Viu como é fácil? :p
    bjs
    (beijos, não; melhor socos, já que eu te odeio...)

  1. Nossa, sei bem o que é isso.
    Acontece. O que nos resta aceitar?
    Lindo o texto. Lindo mesmo.

    bjos
    ;**

  1. Aii meu deus, ja tive tantas vezes deixar de ser amiga, pq se tu fica muito próxima, não consegue esquecer... Eu sempre odiei aquelas coisas: tudo tem hora na vida, mas pior que é verdade. As melhores coisas da vida vem quando a gente menos espera!
    __________________________________
    Bhia!! mordida de amor pode!
    Beijosss

  1. E eu estou desfalecida, totalmente estática a não ser pelas minhas mãos que por algum fato sobrenatural conseguiram digitar esse comentário.

  1. Sabe, Bia, eu tenho uma amizade muito parecida com essa. Chega a ser estranho.
    Bjos,
    Paulinha